ANÁLISE: Caso não encontre nova fornecedora, Red Bull pode ter que reeditar parceria com Renault na F1
Normas do Pacto de Concórdia da categoria podem levar à repetição dessa parceria "na marra"
O anúncio feito nesta sexta-feira (02) pela Honda, de que se afastará da Fórmula 1 após o final da temporada 2021 deixa uma questão importante no ar: qual será o próximo fornecedor de motores da Red Bull e da AlphaTauri? E, apesar de ainda estar cedo para bater o martelo, as equipes precisam ficar atentas à possibilidade da reedição de uma velha parceria.
A montadora japonesa afirmou que o principal motivo para a saída é a busca da marca pela eletrificação, visando neutralizar as emissões de carbono até o ano 2050. Mas, segundo o CEO da marca, isso não significa que eles vão correr atrás de categorias elétricas, como a Fórmula E.
Red Bull e AlphaTauri, que já sabiam da possibilidade desde agosto, agradeceram a Honda pelo trabalho e a parceria dos últimos anos. Mas as equipes da marca austríaca de bebidas energéticas precisa começar a pensar no futuro logo.
Com a saída da Honda, restam apenas três montadoras fornecendo motores no grid da F1. E o panorama atual pode ser algo preocupante para a Red Bull, porque pode significar a volta de uma parceria antiga que não teve o melhor dos finais.
Até 2018, a Red Bull usava motores Renault, mas o relacionamento entre as duas marcas vinha se deteriorando rapidamente devido aos problemas de confiabilidade que as unidades de potência da marca francesa apresentavam. Ao longo de 2017 e 2018, Daniel Ricciardo e Max Verstappen viram diversas chances de vitórias ou de pódio ir embora no meio da corrida junto com os carros.
Por outro lado, a Mercedes passará a fornecer motores para quatro das dez equipes do grid a partir de 2021: além dela própria, Williams e Aston Martin manterão a parceria com a montadora alemã, enquanto a McLaren chega a esse grupo, reeditando a parceria que durou quase 20 anos entre as décadas de 1990 e 2010.
A terceira fornecedora, a Ferrari, manterá seu número oficial de clientes para os próximos anos: a Scuderia, Alfa Romeo e Haas.
Sobraria apenas a Renault que, a partir do próximo ano, terá apenas a sua própria equipe para fornecer motores, após o fim do acordo com a McLaren. E é essa situação que pode levar à reedição da parceria com a Red Bull.
O Pacto de Concórdia, documento que dita as normas comerciais e de governança da F1, determina que nenhuma equipe do grid pode ficar sem uma fornecedora de motores. Algo óbvio, porque sem motores, não há como correr. E, por isso, o documento possui um dispositivo de emergência importante para situações como essa: no caso de uma equipe ficar sem um fornecedora por trás, a montadora com menor número de clientes é obrigada a trabalhar com eles.
Por ter apenas a sua própria equipe como clientes, a Renault poderia ser obrigada a fornecer motores novamente para a Red Bull e a AlphaTauri.
No momento, a Ferrari não demonstra interesse em fornecer motores para as equipes da marca austríaca. Antes de assinar com a Honda, Christian Horner, chefe da Red Bull, chegou a ir atrás da marca italiana para fornecer motores, mas recebeu um não do então presidente Sergio Marchionne.
Com a Mercedes com um grande número de clientes para trabalhar, as opções da Red Bull para fugir da Renault são poucas no momento. Mais notoriamente, duas: arrumar uma nova parceira, o que seria difícil pelo tempo necessário para desenvolver um motor, ou passar a construir seu próprio motor, algo que foi sugerido hoje pelo ex-F1 Ralf Schumacher.
Ainda é muito cedo para cravar o que poderá acontecer, mas uma coisa é fato: com o tempo que se leva para desenvolver um motor, ainda mais um novo, dentro do próximo regulamento, a Red Bull não pode se dar ao luxo de esperar o tempo passar antes de bater o martelo.
Red Bull RB16 (Temporada 2020) |
Motor: Honda |
Combustível: ExxonMobil |
Pneus: Pirelli |
Pilotos: 33 - Max Verstappen 23 - Alexander Albon |
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