Opinion
Fórmula 1 GP da Bélgica

ANÁLISE F1: Paralelos entre queda da Red Bull e fim do reinado de Schumacher

Verstappen tem conseguido minimizar os problemas para a equipe de Milton Keynes, mas isso pode não ser o suficiente

Rubens Barrichello, Ferrari F2004 leads Kimi Räikkönen, McLaren MP4-19B Mercedes and Felipe Massa, Sauber C23 Petronas at the start

A Red Bull começou a temporada de Fórmula 1 de 2024 muito forte, parecendo chegar para levar quase todas as vitórias e manter Max Verstappen em uma posição confortável. Porém, após 14 corridas em cinco meses exigiu muito esforço e acabou fazendo com que a equipe enfrentasse problemas.

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A pausa de agosto deixou um sentimento de angústia e incerteza sobre o que pode acontecer entre Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari. A batalhe entre as equipes irá continuar? A Ferrari vai conseguir voltar à luta? E, acima de tudo, a dominância da Red Bull chegou ao fim?

A última questão é bastante subjetiva, mas parece possível visto o desempenho e ritmo que o RB20 tem apresentado nas últimas duas provas - que não tiveram Verstappen no pódio. A falta de bons resultados pode custar a liderança na tabela de construtores, já que os taurinos são seguidos de perto pela McLaren, que precisa de 42 pontos para assumir a ponta.

A Red Bull ainda consegue se manter forte por conta do brilhante desempenho de Max, mas depende da ajuda de Sergio Pérez para aumentarem a diferença para a equipe de Woking. Agora, tudo depende dos resultados da dupla após a pausa de agosto.

Caso Pérez e Verstappen não consigam encontrar o ritmo perfeito para manter a liderança, a "segunda era" da Red Bull pode chegar ao fim, como indica o que já aconteceu algumas vezes na história da F1. Ao longo de muitas épocas em que uma única equipe dominou o campeonato, é raro que perca o ritmo em uma temporada e consiga recuperar na seguinte.

Há 20 anos, Michael Schumacher e a Ferrari conquistaram os títulos de piloto e construtores na F1. À época, o alemão venceu 12 das 13 primeiras corridas do ano e mais uma após a pausa de verão.

Podium: race winner Michael Schumacher with Rubens Barrichello and Paolo Martinelli

Foto de: Bridgestone Corporation

Existiram fatores externos que ajudaram nos bons resultados, mas não podemos deixar de notar que no início da década de 2000 a escuderia parecia ter perdido a força.

Entenda o quão dominante o F2004 foi: na etapa da Hungria, quando a equipe italiana conquistou o sexto título consecutivo de construtores, Schumacher venceu Rubens Barrichello por apenas 4s6, mas o terceiro colocado, Fernando Alonso, ficou a 44s5 de distância.

Duas semanas depois, Michael conquistou o título de pilotos, quando ainda faltavam quatro rodadas para o fim da temporada, mas perdeu a corrida para Kimi Raikkonen. O finlandês foi ajudado pelo safety car e pelo novo chassi MP4-19 da McLaren para conquistar sua única vitória naquele ano.

Talvez Schumacher só quisesse vencer o campeonato sem grandes complicações e fez o que pode para conseguir. À época, a Williams e a McLaren passaram a maior parte do ano lutando contra configurações aerodinâmicas que pareciam não funcionar bem.

Em Monza, embora Barrichello tenha conquistado a pole position, os tempos das Ferraris na maior parte da classificação não foram tão impressionantes quanto os definidos pelos pilotos da Williams ou da BAR.

No final, o resultado 1-2 foi relativamente convincente, embora Schumacher tenha sido pego de surpresa pela superfície suja da pista e 'rodou' na primeira volta, o que lhe custou posições. Mesmo com seus Bridgestones para pista seca, ele foi menos eficiente que os Michelin, o que fez Barrichello começar com pneus Michelin intermediários. A 'rodada' do alemão ficou marcada como um momento atípico na carreira de Michael naquela temporada.

Ou, pelo menos, seria se o alemão não tivesse tido um resultado pior na China. Ele já havia tido uma volta de classificação ruim, com uma 'rodada', e acabou largando do pitlane, depois se envolveu em uma série de incidentes - um deles, entrou em contato com Christian Klien, da Jaguar.

McLaren belatedly arrived to the party in 2004 as Raikkonen won at Spa, signalling the start of Ferrari's relative decline

McLaren belatedly arrived to the party in 2004 as Raikkonen won at Spa, signalling the start of Ferrari's relative decline

Photo by: LAT Photographic

Barrichello conseguiu desempenhar seu papel como segundo piloto e assumiu a vitória. À época, o brasileiro defendeu que "ainda tínhamos o carro mais rápido, mas não tão rápido quanto em Monza. Foi muito mais rápido lá. Aqui não".

Rubens foi submetido a uma grande batalha com Jensen Button e Kimi Raikkonen, mas a Ferrari conseguiu administrar bem suas paradas e fez mais do que a Red Bull está fazendo atualmente: correr a corrida um pouco melhor e fazer os pit stops certos para manter as posições em pista.

Suzuka foi a volta convincente de Schumacher ao seu desempenho comum. Ele impôs uma diferença de 14 segundo sobre seu irmão mais novo, Ralf, porém o ritmo não se seguiu para a final no Brasil.

Barrichello interveio entre os pilotos que lutavam pela liderança e subiu ao pódio, mas a vitória ficou com Juan Pablo Montoya. Alonso também entrou na batalha, mas ficou na quarta posição após uma parada dupla mal sucedida.

Embora Renault e BAR tenham mostrado firmeza no início da temporada e a vitória de Jarno Trulli terem agitado aquele ano, a Ferrari seguiu na ponta. Porém, no fim do ano, os italianos pareciam ter sido pegos.

A McLaren redesenhou o MP4-19, tentando colocá-lo na disputa, e presenciou uma disputa por poder de gerenciamento de matriz patenteado por Adrian Newey e Martin Whitmarsh - que Whitmarsh venceu - e corrigiu as rugas do design baseado no MP4-18, que nunca competiu.

Por sua vez, a Williams descartou o nariz de "morsa" e optou por um design mais convencional, que eliminou a penalidade de peso e restaurou parte do equilíbrio. Mesmo com as mudanças, a Williams não conseguiu o impulso necessário para 2005, mas a McLaren continuou o progresso no ano seguinte, enquanto a Renault encontrou seu ritmo durante o inverno.

Entretanto, a Ferrari foi prejudicada pela regra de proibição de troca de pneus que foi introduzida em 2005, quando a Bridgestone errou na fórmula.

O F2004 ganhou notoriedade entre os carros mais dominantes em toda a história da F1, se colocando ao lado da McLaren MP4/4, Lotus 72 e o Williams FW14B. Desde então, a Red Bull conseguiu fazer o mesmo com o RB19, mas o RB20 parece ter alcançado o limite do que a equipe de Milton Keynes consegue alcançar.

Williams also joined the fight for victories in 2004 and ended the year with Montoya on top in Brazil

Williams also joined the fight for victories in 2004 and ended the year with Montoya on top in Brazil

Photo by: Lyndon McNeil

Certamente existem paralelos entre o fim do reinado da Ferrari e o declínio da Red Bull. Isso porque, enquanto as dominantes parecem ter alcançado a estagnação, outras equipes conseguiram garantir que seus carros tenham alguma evolução.

Porém, é importante lembrar que ainda há 10 corridas na temporada de 2024 e a Red Bull pode voltar à sua dominância, a depender do que acontecerá após a pausa de agosto.

No entanto, é muito provável que a McLaren e a Mercedes continuem oferecendo forte concorrência. Embora a equipe de Woking tenha cometido alguns erros, eles ainda estão "reaprendendo a vencer" e devem se munir de muitas informações sobre o que não fazer em situações críticas.

A Mercedes, por sua vez, mostra que esse conhecimento nunca deixou a equipe sempre que as oportunidades se apresentam. Desta maneira, a Red Bull entende que precisa correr contra o tempo, caso contrário, o RB20 pode ter o mesmo destino da Ferrari quando a era V10 chegou ao fim.

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