F1: Como Colapinto se tornou forte candidato a companheiro de Verstappen na Red Bull
Equipe de Milton Keynes iniciou contato com a Williams, com o argentino como candidato para assumir o lugar de Sergio Pérez
Os três títulos consecutivos da Fórmula 1 conquistados por Max Verstappen ofuscaram um problema de longa data na Red Bull.
Durante uma década (2008 a 2018), a gestão de pilotos foi uma das joias da coroa do grupo austríaco, o programa júnior confiado a Helmut Marko, hoje consultor, e sempre conseguiu garantir à equipe de Fórmula 1 jovens à altura da tarefa, com as "joias" Sebastian Vettel e Verstappen. Então, algo emperrou, mas sob os troféus fornecidos por Max nos últimos anos, o problema permaneceu oculto.
Verstappen venceu o campeonato de construtores sozinho em 2023 (575 pontos conquistados pelo holandês contra 409 da Mercedes), enquanto no ano anterior ele também precisava de 100 pontos de Pérez, que era a diferença entre o holandês e a Ferrari.
Nesta temporada, graças ao maior equilíbrio técnico, a bolha estourou. Depois de 20 GPs, Pérez (com zero vitórias, em comparação com as sete de Max) está apenas em oitavo lugar na classificação dos pilotos, com 41% dos pontos de Verstappen a seu favor.
O Campeonato de Construtores se tornou rapidamente uma subida íngreme devido à ascensão da McLaren e da Ferrari em um cenário em que a Red Bull caiu para o terceiro lugar.
Sergio Perez, Red Bull Racing
Foto de: Simon Galloway / Motorsport Images
Se essas posições forem confirmadas no final da temporada, grande parte da culpa será dos pontos deixados na estrada pelo segundo carro, ou seja, o de Pérez. Uma queda que custaria à equipe taurina cerca de 25 milhões de dólares, ou seja, a diferença da primeira para a terceira posição prevista na premiação.
Tudo está chegando ao fim. Apesar da possibilidade de poder contar com quatro monopostos há vários anos, a Red Bull não só tem o problema de ser dependente de Verstappen, mas também o de não ter em suas fileiras um jovem com as qualificações certas para trabalhar ao lado de Max.
Hoje (é melhor frisar isso, pois Marko muda de ideia com frequência), o candidato número um para substituir Checo é Liam Lawson, da RB, que acaba de voltar às pistas da F1 em Austin, depois de quase um ano parado.
Liam Lawson, Equipe RB F1
Foto de: Red Bull Content Pool
Se o neozelandês se juntasse à equipe na próxima temporada, ele o faria com 11 GPs de experiência, uma situação paradoxal quando se considera que a primeira tarefa da RB deveria ser permitir que seus jovens se preparassem da melhor forma possível antes de se mudarem para a equipe 'principal'.
No passado, nos dias da Toro Rosso, era assim que funcionava, mas a valsa de pilotos dirigida por Marko nos últimos anos parecia não ter nenhuma diretriz aparente. Decisões instintivas (como o alistamento de Nyck De Vries), retornos (a chance oferecida a Ricciardo) e, acima de tudo, uma seleção malsucedida da equipe júnior. Piastri, Norris, Russell, até os jovens Bearman e Antonelli, todos passaram despercebidos pelo radar do consultor austríaco.
Franco Colapinto, Williams FW46
Foto de: Andy Hone / Motorsport Images
As três razões pelas quais a Red Bull está interessada em Colapinto
Nos últimos dias, um contato entre Red Bull e Williams ganhou as manchetes em relação ao futuro de Franco Colapinto. A estreia do argentino na F1 foi digna de interesse, a ponto de até mesmo a Audi ter sondado sua situação contratual.
Mas no caso dos taurinos, os motivos do interesse na figura de Colapinto são diferentes. O primeiro está ligado à possível rescisão antecipada do contrato com Pérez, decisão que implicaria a necessidade de encontrar um quarto piloto para se juntar à "família Red Bull", juntamente com Verstappen, Tsunoda e Lawson.
A segunda diz respeito a outros aspectos. Encerrar relações com Pérez implica o risco de ver algum apoio financeiro desaparecer. Checo no México é uma estrela absoluta, 60% do merchandising produzido pela Red Bull é vendido no mercado da América Central e do Sul, superando até mesmo os números do tricampeão Verstappen.
Grande parte do apoio da equipe austríaca vem dessa área geográfica, e até mesmo o principal patrocinador (a gigante de TI, Oracle) passou a apoiar a equipe devido ao forte incentivo da subsidiária mexicana.
Nesse cenário, mandar Pérez para casa é uma questão que vai além de uma troca normal de piloto, mas a decisão agora parece estar próxima; o último fim de semana foi um indicativo de como o relacionamento entre Checo e a equipe entrou em uma espiral que parece irreversível.
É nesse ponto que a figura de Colapinto se encaixa melhor, pois a entrada do argentino poderia aliviar a decepção no México e na América do Sul com a saída de Pérez.
No último fim de semana, ficou muito claro o quanto os 400 mil torcedores que chegaram ao Autódromo Hermanos Rodriguez adotaram Colapinto, uma afeição que se soma à torcida desenfreada que está cada vez mais presente na Argentina e em outros países sul-americanos. Em termos financeiros, se a Red Bull conseguisse tirar o argentino da Williams, sem dúvida seria uma operação positiva.
O terceiro motivo é a busca frenética por um companheiro de equipe para Verstappen. Lawson é o principal candidato, mas com pouca experiência por trás dele, sempre há o risco de 'outro' Gasly, rebaixado em 2019 para a Toro Rosso depois de apenas doze GPs por falta de resultados.
Christian Horner e James Vowles: será que estão discutindo a contratação de Franco Colapinto?
Foto de: Red Bull Content Pool
Há cinco anos, a equipe taurina tinha Alexander Albon à sua disposição; no próximo ano, o "reserva" de Lawson pode ser o próprio Colapinto. Mas antes, é claro, há a negociação com a Williams. Para ceder, é muito provável que James Vowles dê um tiro alto (alguns especulam 20 milhões de dólares), uma soma que poderia afastar qualquer possível arrependimento futuro, mas o jogo ainda está aberto.
A única certeza é que, em cinco GPs (dois dos quais terminaram na zona de pontos), um jovem que até meados de agosto era conhecido por poucos iniciados se encontra nos holofotes, disputado por três equipes.
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