ANÁLISE F1: O que esperar de Hamilton na Ferrari
Heptacampeão mundial fará transferência para Maranello no início de 2025
A pausa de agosto de 2023 da Fórmula 1 teve início com um domínio esmagador da Red Bull após fim de semana chuvoso em Spa-Francorchamps e era esperado que o mesmo se repetisse em 2024. Porém, a virada de mesa chegou para Lewis Hamilton que se consagrou como o vitorioso da última corrida antes das pequenas férias.
A sensacional vitória de Hamilton em Silverstone em julho foi parte importante para sua campanha de 2024 e tornou a temporada ainda mais interessante do que a anterior. É importante lembrar que o próprio heptacampeão começou o ano com reviravoltas e incertezas.
Hamilton tomou a decisão de trocar a Mercedes pela Ferrari em 2025 e se tornou uma das maiores notícias do ano, superando até mesmo a saída de Adrian Newey da Red Bull.
Em termos de campeonato de construtores, a Mercedes perdeu duas posições da que tinha ano passado na mesma época - eles ocupavam a segunda colocação e atualmente estão em quarto. Mas o mais relevante foram as respostas dadas pelo heptacampeão durante a etapa de Silverstone.
Antes da corrida, Hamilton não hesitou em afirmar que não tinha nenhum arrependimento em ter assinado com a Ferrari, mesmo tendo o carro da Mercedes apresentando melhoras. A resposta veio logo após ele ser derrotado por George Russell na classificação.
Após a etapa, quando saiu vitorioso, o piloto foi questionado mais uma vez sobre o mesmo assunto e mudou sua resposta. Na ocasião, a pergunta foi reformulada e trouxe em consideração que a equipe alemã já o conhece bem após muitos anos de parceria. Ao responder, Hamilton disse que não teria feito a transferência se soubesse das melhorias que receberia.
"Acho que quando começamos a temporada e tínhamos um carro em que não estávamos nem perto da Red Bull... Nem parecia que conseguiríamos uma vitória ao longo do ano, isso para mim foi como uma sensação agridoce no final da temporada, em que você não teve algo como hoje".
"E o fato de que todos nós realmente nos unimos, todos fizeram um ótimo trabalho para levar o carro a um lugar onde nos sentimos muito mais confortáveis. Então, não sair por baixo, mas sim por cima, que tem sido nosso objetivo [foi positivo]. Ainda há um longo caminho a percorrer".
"O carro não é de forma alguma o mais rápido do grid no momento. Acho que estamos muito próximos, e espero que com algumas [melhorias], com a próxima atualização, talvez, estaremos em uma posição ainda mais forte para realmente lutar na frente de forma mais consistente".
With an emotional British GP win to look back on, Hamilton doesn't think his final year at Mercedes will feel bittersweet
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
Dado que Hamilton ainda é um piloto da Mercedes, os comentários do competidor são sempre mais focados no atual momento que vive e suas colocações sobre a Ferrari sempre repetem o "sonho de infância de pilotar pela Ferrari vermelha" até que ele chegue em Maranello.
Mas a futura parceria tem um forte potencial para se tornar de grande sucesso na F1. O que vem se desenhando para 2025 mostra que a próxima temporada será muito mais aberta para disputa entre as equipes do que as últimas, abrindo a possibilidade de uma batalha entre Max Verstappen e Hamilton pelo título mundial.
A posição da Ferrari é uma das maiores histórias atuais na F1. Isso se prova verdade até certo ponto, dada a herança da equipe, mas o estado do SF-24 é uma das razões pelas quais Hamilton foi questionado sobre possíveis arrependimentos em Silverstone.
Desta maneira, é necessário acompanhar de perto como a Ferrari irá se recuperar de um períogo difícil até o fim da temporada, mas não faz muito sentido fazer mudanças muito grandes, dado as mudanças de regulamento previstas para 2026. Assim, os resultados do SF-24 dão uma pequena visão do que pode ser esperado para 2025.
O atual problema da Ferrari iniciou durante o GP da Espanha, quando novo pacote de atualizações foi implementado no carro. Naquele momento, o carro se apresentava de maneira bastante flexível e previsível, permitindo que Charles Leclerc e Carlos Sainz conseguissem conquistar pontos importantes e até vitórias para os italianos.
A questão se deu porque o carro saltava nas curvas de alta velocidade. Esse é um ponto importante para os pilotos, porque eles precisam confiar nas máquinas ou serão forçados a recuar e perder tempo de volta. Esse é o mesmo problema que a Mercedes enfrenta, mas se Hamilton está preocupado, ele consegue manter isso em segredo.
Hamilton will have been keeping a close eye on Ferrari's recent car troubles
Photo by: Sam Bagnall / Motorsport Images
De qualquer forma, a Ferarri tomou medidas para controlar a questão. Após fazer testes com o piso antigo durante os treinos livres de Silverstone, os italianos conseguiram ajustar a configuração antes do GP da Hungria. Já em Spa-Francorchamps, Leclerc conseguiu uma boa posição durante a classificação - largando em segundo.
"Em termos de desenvolvimento, passamos por um processo em que entendemos muito bem os limites desses aspectos do comportamento do carro", disse Leclerc à Autosport antes da pausa de agosto. "E será muito importante respeitar isso no futuro, ter um carro que seja mais fácil de entender e, acima de tudo, de antecipar e prever para nós, pilotos, quando [estamos no circuito]".
"Essa é a área principal, porque então temos um carro previsível, como o que tivemos no ano passado. Desde Monza [2023], vimos que somos uma equipe que pode fazer grandes progressos. O progresso é provavelmente o retorno dessa recuperação que não esperávamos totalmente, mas que entendemos que agora voltaremos ao caminho da melhoria".
"A recuperação foi o que criou as inconsistências que vimos nas últimas corridas e nos fez lutar um pouco mais do que antes. Mas, novamente, tenho certeza de que esta fase nos ajudou a entender algumas coisas".
Mesmo que a trajetória do SF-24 mude nas próximas etapas, a Ferrari terá dificuldades em recuperar os meses perdidos desde o GP da Espanha. Enfrentando questões de limite de custo, cada atualização que funciona é mais crítica do que nunca.
É por isso que se torna tão interessante ver Verstappen discutindo a atualização aplicada pela Red Bull na Hungria, que parece não ter desempenhado da maneira como era esperada, ou Andrea Stella - da McLaren -, que explicou que a equipe precisou ser muito cuidadosa ao trazer as novas configurações para Miami, depois de ver como as coisas estavam indo mal para outros times.
Leclerc has also been testing different set-ups to find a cure for Ferrari's bouncing
Photo by: Erik Junius
Embora esse processo seja um déjà-vu para Hamilton, a Ferrari apresentará uma consistência maior com a experiência de mais de 350 corridas quando o britânico chegar à Maranello. Com o conhecimento de Lewis em pista, os italianos podem ter um desempenho ainda melhro, como foi pontuado pelo próprio Leclerc:
"Quando você tem um heptacampeão mundial se juntando à equipe, é sempre uma boa notícia".
"Primeiro porque é super interessante e super motivador para mim. Super interessante porque posso aprender com um dos melhores pilotos de F1 da história. E segundo, super motivador porque estou super motivado para mostrar o que sou capaz de fazer contra Lewis no mesmo carro. Estou realmente ansioso por isso".
O processo flutuantante da escuderia é apenas um dos muitos problemas que surgiram após a decisão de Hamilton de fazer a transferência. Enquanto muitas pessoas estão entusiasmadas com a chegada do heptacampeão e as disputas que devem acontecer com Leclerc, o piloto enfrentará um competidor que ainda consegue ter um desempenho próximo ao seu melhor nível.
O desempenho de Hamilton em pista também mostrá aos fãs de automobilismo que o britânico consegue se manter em um nível excepcional.
Hamilton and Leclerc will make for a potent combination at Ferrari next year
Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images
Em Silvertone, Lewis demonstrou todo o seu talento, especialmente na maneira como ele conseguiu manter o desgaste dos pneus macios sob controle, segurando Norris e conseguindo batalhar com Verstappen que estava bastante agressivo.
Esse gerenciamento quase perfeito dos pneus foi um ponto levantado pela McLaren naquele dia, quando Norris perdeu a chance de conquistar sua segunda vitória. Isso é algo que a Ferrari irá se beneficiar com a chegada do heptacampeão ao time, porque, apesar de todas as façanhas de Leclerc, ele ainda não mostrou que pode assumir a responsabilidade de golpes decisivos em momentos críticos durante as etapas.
Com a saída de Hamilton da Mercedes, chegará ao fim as teoridas proposta desajeitadamente pelo piloto durante o GP de Mônaco que Russell estaria recebendo tratamento preferencial.
A Mercedes negou veementemente que teria acontecido alguma preferência, principalmente pelo fato de que poderiam ter prejudicado um dos carros, colocando em risco as recompensas que viriam caso os dois competidores conseguissem boas posições na etapa.
A equipe aponta que o início forte de Russell no campeonato é o seu grande diferencial para com Hamilton e por isso existe uma diferença entre os pilotos, principalmente durante as classificações.
Russell appears to have had the upper hand against Hamilton this year - albeit by a tiny margin
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
"Hamilton e Ferrari se encontraram", disse recentemente o presidente da Ferrari, John Elkann, à Gazzetta dello Sport. "Ele vem até nós para vencer e com ele ficamos mais fortes para antecipar os desafios do futuro. Estamos falando de um grande atleta que está muito motivado para ser campeão mundial pela oitava vez, como demonstram as últimas corridas"
É importante lembrar que, caso conquiste seu oitavo título mundial, Hamilton irá quebrar o recorde de conquistas na categoria. Na entrevista, o presidente dos italianos ainda afastou a teoria de que o heptacampeão estaria fazendo a transferência para dar início à aposentadoria.
"É claro que ele não vem para a Ferrari para aproveitar a aposentadoria, ele quer arriscar. Afinal, basta olhar para os grandes nomes da última década: Djokovic, Federer, Hamilton, Ronaldo, Messi, o que eles têm em comum ? Longevidade Eles superaram as condições físicas com enorme força de vontade".
"Este ano, na F1, há competição real. São quatro equipes que estão muito próximas umas das outras e isso torna tudo muito mais interessante. A Red Bull começou bem, depois Ferrari, McLaren, agora Mercedes: o campeonato está finalmente aberto, com grandes pilotos. Aqueles que têm mais experiência, como Hamilton ou [Fernando] Alonso, têm mais consistência".
Elkann and Vasseur have got their man, but will it have the team and the car to match?
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
GIAFFONE CONTRA A PAREDE: Felipe vê RBR EM XEQUE e avalia MAX, McLaren, BRASIL na F1 e Lewis/Alonso
Faça parte do Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube
Quer fazer parte de um seleto grupo de amantes de corridas, associado ao maior grupo de comunicação de esporte a motor do mundo? CLIQUE AQUI e confira o Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube. Nele, você terá acesso a materiais inéditos e exclusivos, lives especiais, além de preferência de leitura de comentários durante nossos programas. Não perca, assine já!
PÓDIO CAST analisa GP da Áustria de MotoGP e faz prévia do Sertões 2024
ACOMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE
Faça parte do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!
Faça parte da comunidade Motorsport
Join the conversationCompartilhe ou salve este artigo
Principais comentários
Inscreva-se e acesse Motorsport.com com seu ad-blocker.
Da Fórmula 1 ao MotoGP relatamos diretamente do paddock porque amamos nosso esporte, assim como você. A fim de continuar entregando nosso jornalismo especializado, nosso site usa publicidade. Ainda assim, queremos dar a você a oportunidade de desfrutar de um site sem anúncios, e continuar usando seu bloqueador de anúncios.