Análise
Fórmula 1 GP da Arábia Saudita

ANÁLISE F1: Ferrari sai de Jeddah em crise maior do que a Mercedes?

Time de Maranello era visto como a potencial segunda força na Arábia Saudita, mas voltou a ficar aquém da Aston Martin e também foi batido pela equipe alemã

Carlos Sainz, Ferrari SF-23, Lewis Hamilton, Mercedes F1 W14

Após amargar o abandono do monegasco Charles Leclerc e o quarto lugar do espanhol Carlos Sainz no GP do Bahrein, que abriu a Fórmula 1 2023 há dois fins de semana em Sakhir, a Ferrari voltou a ter uma grande decepção no GP da Arábia Saudita, disputado em Jeddah neste domingo.

Por conta de uma mescla de: azar estratégico, em função do timing do safety car na prova disputada às margens do Mar Vermelho; problemas de rendimento com os pneus duros; e pura e simples inferioridade de desempenho do modelo SF-23 frente ao AMR23 da Aston Martin no ritmo de corrida, a escuderia deixou a península arábica flertando com crise tão grande quanto a enfrentada pela Mercedes após declarações polêmicas do britânico Lewis Hamilton sobre seu monoposto W14.

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Também porque a Ferrari chegou ao circuito de rua de Corniche com a expectativa de se aproximar da Red Bull. Mas os treinos livres acenderam o sinal de alerta, embora na classificação Leclerc tenha ficado a só 0s155 do pole position Sergio Pérez, da 'RBR' -- companheiro do mexicano, o holandês Max Verstappen viu o semieixo de seu RB19 quebrar na tomada de tempos e teve de largar em 15º. Entretanto, o monegasco já tinha uma punição de 10 posições no grid, de modo que largou em 12º.

Até aí, tudo bem: pneus macios para Charles no primeiro stint saudita e 'pé embaixo' por parte do piloto na primeira parte da prova, o que surtiu efeito. Ele escalou o pelotão e chegou a figurar em sexto após ultrapassar Hamilton e o francês Esteban Ocon, da Alpine. Por outro lado, Sainz, que largou de médios assim como Pérez, sofreu bastante com seus compostos e fez seu pit antes mesmo de Leclerc, além de ter sido ultrapassado pela Aston de Lance Stroll, caindo para quinto. Pioraria...

Carro de segurança

Na sequência, o canadense abandonou em função de problemas na recuperação de energia de seu motor. A direção de prova acionou o safety car e todos os rivais da Scuderia lucraram, uma vez que nenhum dos pilotos à frente, exceto Stroll, haviam parado. Resultado: perderam menos tempo no pit e deram o 'pulo do gato', com Hamilton superando Leclerc. De todo modo, Charles e Sainz já tinham calçado duros, também instalados pelos outros, menos Lewis (médios), que passou Carlos 'na pista'.

Fiasco com pneus duros e a aparente 'perda de terreno' para a Mercedes

Daí em diante, começou o calvário: visto como o maior 'gastador' de pneus do pelotão da frente, o time tinha expectativa mais otimista em Jeddah, cujo asfalto é menos abrasivo, mas o desempenho seguiu ruim, relegando-o a uma performance inferior não só em relação à Aston, mas também à Mercedes. Sainz e Leclerc foram sexto e sétimo respectivamente, atrás de Hamilton (5º), do W14 do britânico George Russell (4º), e do AMR23 de Fernando Alonso, no 100º pódio do espanhol na F1.

Foi uma involução, já que, no Bahrein, Leclerc rumava para um P3 antes da quebra, que veio quando ele tinha uma vantagem considerável frente a Alonso. Além disso, ainda que Charles tenha ido bem no sábado árabe, Sainz foi batido por Russell no grid e não conseguiu atacar os ingleses no GP. Para piorar, Lewis teve performance melhor que Carlos de médios -- ainda que com menos combustível-- e ficou claro que a Mercedes sofreu menos de duros. A Ferrari perdeu terreno onde deveria ganhar.

Perspectivas futuras?

Após nova frustração, os pilotos e o chefe da Ferrari, Fred Vasseur, não esconderam a insatisfação. Como a Mercedes, a Ferrari enfrenta o tal 'problema de correlação', quando os dados do simulador não se verificam na pista. A equipe alemã, porém, prepara um grande pacote de atualizações para Ímola. A Scuderia, por sua vez, foi uma das que mais levou novidades para Jeddah, claramente sem sucesso. Além disso, segundo o comandante francês, houve problemas no set-up nos dois GPs.

Trata-se realmente de erro na configuração do SF-23 ou o carro deste ano é, na verdade, limitado? De qualquer forma, Vasseur segue esperançoso quanto ao modelo. Mas nem a confiabilidade passa segurança, a julgar pela instalação do novo componente eletrônico que rendeu a punição a Leclerc. Seja como for, não há robustez que compense um desempenho ruim com pneus duros: as gomas menos macias costumam separar projetos vencedores daqueles com 'brilharecos' apenas eventuais.

Se a margem de evolução não for das mais auspiciosas, talvez seja o caso de partir para soluções mais radicais, a exemplo da Mercedes. Independentemente disso, um bom começo é decidir quem assume o cargo de diretor técnico: tal cargo era acumulado pelo italiano Mattia Binotto, demitido também da chefia ferrarista. Seu compatriota Enrico Cardille, responsável pelo departamento de chassis da equipe, é o mais cotado para a função. Hora de 'assumir a bronca' e resolver problemas.

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