Análise
Fórmula 1 GP da Hungria

ANÁLISE: Entenda em detalhes o "milagre" da Red Bull para consertar carro de Verstappen em 19 minutos no GP da Hungria

Giorgio Piola e Matt Somerfield explicam como que os mecânicos conseguiram consertar o carro de Verstappen em 19 minutos na Hungris

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16 on the grid

Análise técnica de Giorgio Piola

Análise técnica de Giorgio Piola

Quando você acha que já viu de tudo na Fórmula 1, aparecem os mecânicos da Red Bull com uma performance notável antes mesmo do início do GP da Hungria, um truque que mesmo os melhores mágicos ficariam orgulhosos.

A batida de Max Verstappen a caminho do grid deu a sua equipe 19 minutos de um drama de altíssima qualidade enquanto eles tentavam consertar os danos no carro, deixando até mesmo os rivais sem acreditar no que estavam vendo.

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Os demais acreditavam firmemente que o erro sairia tão caro que não seria possível repará-lo no grid. Até Lewis Hamilton chegou a dizer isso. Após a largada, o hexacampeão revelou seu choque no rádio ao notar que Verstappen estava na corrida, e, especialmente, em segundo.

A calmaria em meio ao pânico

Com o acidente de Verstappen na Curva 12, enquanto ainda se encaminhava para o grid, antes do início do GP, era óbvio que seria necessário um extenso trabalho para reparar o carro. A equipe sabia que pelo menos um dos braços da suspensão estava quebrado, com a roda naquele lado do carro girando em um ritmo independente dos demais.

O holandês foi imediatamente para o rádio falar com seu engenheiro, Gianpiero Lambiase, explicou seu erro e seu objetivo: "Vou voltar aos boxes, espero". Crucialmente, Verstappen recebeu a orientação de ir para o grid e não para a garagem.

A red faced Max Verstappen, Red Bull Racing, climbs out of his crashed car on the grid

A red faced Max Verstappen, Red Bull Racing, climbs out of his crashed car on the grid

Photo by: Steven Tee / Motorsport Images

Veja no vídeo abaixo como foi o trabalho dos mecânicos da Red Bull:

Assim que o carro foi parado em seu lugar de largada, a equipe entrou em ação. E, sem um momento a perder, com apenas 19 minutos e 32 segundos até a volta de apresentação, eles começaram a desmontar o canto dianteiro esquerdo do carro.

A equipe precisava substituir o braço de direção e a haste, ambos com desafios do empacotamento do RB16, o que tornou o trabalho uma operação particularmente difícil.

Observando dos pits, enquanto a equipe tentava se preparar para a corrida da maneira mais normal possível, o gerente da equipe, Jonathan Wheatley, estava abatido ao conversar com Helmut Marko, pessimista sobre as chances de sucesso. "Teremos que fazer isso mais rápido do que nunca", ponderou.

Com 16 minutos para o início, momento em que o hino nacional estava sendo tocado em todo o circuito, os mecânicos já haviam desconectado a extremidade interna da haste e estavam lidando com um dos aspectos mais complicados desta operação - a conexão interna do braço de direção.

Red Bull Racing RB16 front suspension

Red Bull Racing RB16 front suspension

Photo by: Giorgio Piola

Red Bull Racing RB16 front suspension

Red Bull Racing RB16 front suspension

Photo by: Giorgio Piola

Isso foi especialmente complicado porque o conjunto de direção do RB16 possui uma nova disposição, enterrado mais atrás, em vez de na frente, como os demais (imagem acima, setas inferiores).

Com menos de 15 minutos, e tendo a extremidade interna separada do carro, os mecânicos começaram a desmontar a extremidade externa. Isso seria complicado também, porque toda a carenagem do duto de freio precisa ser removida para obter acesso às articulações da haste e da direção.

Red Bull RB15 front suspension bracket

Red Bull RB15 front suspension bracket

Photo by: Giorgio Piola

O desafio ficou ainda mais difícil devido ao uso da Red Bull de uma solução agressiva das hastes, que consiste no deslocamento da haste da vertical (imagem acima, na seta).

Agora, com menos de 12 minutos, o engenheiro-chefe Paul Monaghan - que supervisionava esse processo de remoção e reconstrução cuidadosamente orquestrado - conferiu visualmente as peças que permaneciam conectadas ao carro. Ele pediu então equipamentos para analisar melhor essas peças, para verificar o estresse causado pelo impacto.

Verstappen voltou da cerimônia pré-corrida e subiu em seu RB16, e começou a se prender com apenas 10 minutos para a volta de apresentação, quando ainda haviam quatro ou cinco mecânicos trabalhando ativamente na suspensão dianteira esquerda. Com o tempo acabando, a pressão só aumentava.

Mechanics rush to replace the damaged front wing of Max Verstappen, Red Bull Racing RB16

Mechanics rush to replace the damaged front wing of Max Verstappen, Red Bull Racing RB16

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Mechanics rush to replace the damaged front wing of Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Mechanics rush to replace the damaged front wing of Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Com oito minutos, o último parafuso era colocado na extremidade interna do conjunto, e o carro estava estruturalmente completo mais uma vez, e a equipe começou a remontar o conjunto do duto de freio, para ainda colocar o painel, instalar a asa e colocar o carro novamente no chão.

Enquanto o relógio marcava cinco minutos para a volta de apresentação, ponto em que todo o trabalho deve ser concluído e o equipamento precisa começar a ser retirado do grid, os últimos parafusos de retenção foram colocados no painel e no duto de freio.

O trabalho foi concluído com 26 segundos para o fim do prazo. Verstappen, agora totalmente preso no carro e pronto para ir, elogiou seus mecânicos pelo feito alucinante que eles haviam realizado: "OK, eu só queria dizer que vocês são incríveis, inacreditáveis. Muito obrigado", disse.

 

Viagem para o desconhecido

Com a retirada dos cobertores de pneus e o rebaixamento do carro para a pista, havia um ar de dúvida. Apesar de seus mecânicos terem dado seu melhor para consertar o carro, eles correram contra o relógio, então erros poderiam ter sido cometidos na pressa.

Mas tudo parecia no lugar durante a volta de apresentação, e Verstappen botou fé no trabalho da equipe, indo com tudo desde a largada. Rapidamente, o holandês já ocupava a terceira posição após uma boa saída e primeira curva, e, eventualmente, terminou em segundo, atrás apenas de Hamilton.

 Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, pitstop

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, pitstop

Photo by: Red Bull Content Pool

 Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, pitstop

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, pitstop

Photo by: Red Bull Content Pool

Os mecânicos não conseguiram descansar após o milagre feito antes da largada. Logo em seguida, eles precisaram apresentar resultados novamente! Com a pista secando, Verstappen precisou entrar trocar os pneus intermediários por compostos de pista seca. E, pela terceira corrida consecutiva, eles fizeram a parada mais rápida do dia.

O que a Red Bull entregou antes da largada na Hungria nos ajuda a lembrar que a F1 é um esporte coletivo, com cada membro da equipe tendo um papel crucial na operação do carro e no sucesso dos pilotos. Enquanto Verstappen estava no pódio, era possível ver que, na verdade, ele queria cada um daqueles mecânicos lá em cima com ele, celebrando o que parecia praticamente impossível antes do início da corrida.

Hora da comemoração!

Max Verstappen,  Red Bull Racing celebrates with team members in parc ferme
Max Verstappen, Red Bull Racing celebrates with team members in parc ferme
Max Verstappen, Red Bull Racing celebrates with team members in parc ferme
Max Verstappen, Red Bull Racing celebrates with team members in parc ferme
Valtteri Bottas, Mercedes-AMG Petronas F1 and Lewis Hamilton, Mercedes-AMG Petronas F1 on the podium
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